Inseminação Artificial na Raça Lusitana

Fórum da raça

Moderador: Filipe Graciosa

Mensagem
Autor
michael_holandés
Sela 07 (estribo de prata)
Mensagens: 132
Registado: quinta fev 12, 2004 2:43 pm
Localização: texas, USA

#16 Mensagem por michael_holandés » terça abr 08, 2008 1:41 am

MFC Escreveu:Com certeza!!!!
Não sou veterinário mas tenho a difícil tarefa de encher uma média de 50 éguas por ano.
Só em Portugal. :roll:

CV
Sela 01
Mensagens: 45
Registado: quinta mar 06, 2008 7:48 pm

Inseminação artificial

#17 Mensagem por CV » terça abr 08, 2008 5:17 pm

Acerca do tema da inseminação artificial, existem duas situações, a fresco e congelado. A aplicação a fresco está muito em voga, havendo inúmeros criadores que o fazem, como forma de optimização do sémen de cavalos que estão em trabalho (ensino, equitação de trabalho, etc.).

Não é difícil (para quem sabe – veterinários especializados) e representa um custo de aplicação mais baixo (50%) do que o congelado.

No que respeita ao congelado (as hipóteses de concepção são mais baixas que utilizando sémen fresco), a técnica de aplicação requer muita minúcia, ou seja a aplicação tem de ocorrer muito próxima da hora da ovulação. É um trabalho conventual, o aplicador tem de estar presente no momento certo (ovulação). Muitas ovulações ocorrem à noite ou de madrugada.

Existe igualmente um cuidado acrescido na escolha do sémen, ou seja o sémen tem de ser de alta qualidade (desta forma aumenta-se as probabilidades de concepção). Uma vez que no processo de congelação o sémen perde qualidade, é fundamental que este seja de alta qualidade (presença de grande número de espermatozóides viáveis).

No que respeito a preços de aplicação estes andam à volta de 250 EUR (valor aproximado), para sémen fresco e 500 EUR (valor aproximado) para sémen congelado. Contudo nestes preços existem clausulas (garantias) relativamente ao sucesso. Existem inúmeros veterinários competentes, neste tipo de aplicação em Portugal.

Tenham atenção ao somatório de despesas, estas compreendem: estadia da égua (8 a 10 EUR dia – valores aproximados); custo do sémen (muito variável); transporte da égua; custo de aplicação do sémen.

O conceito de barato ou caro, de todo o processo, é relativo (na avaliação de preço, deve ser tido em conta o comparativo custo/benefício).

Os meus cumprimentos,
CV

CV
Sela 01
Mensagens: 45
Registado: quinta mar 06, 2008 7:48 pm

Recolhido da cavalonet

#18 Mensagem por CV » quarta abr 09, 2008 3:04 pm

A Inseminação Artificial em Equinos
20/10/2007
A Reprodução Equina foi marcada através dos tempos por duas grandes inovações fundamentais: a Inseminação Artificial (IA) e mais recentemente a Transferência de Embriões.

A IA equina é uma técnica que, consiste em recolher o sémen de um garanhão, dividilo em várias doses e em seguida depositar cada uma dessas doses no interior do útero das éguas em estro. A IA permite assim obter várias doses a partir de um só ejaculado de forma a poder beneficiar várias éguas com um só salto.

As técnicas de IA utilizadas hoje em dia permitem obter resultados idênticos aos obtidos com a monta natural e são utilizadas sob três formas: a IA Fresco que utiliza sémen fresco, com o intervalo óptimo entre a recolha e a inseminação inferior a 30 minutos, a IA Fresco Refrigerado que utiliza sémen fresco, refrigerado a 4ºc e que permite um intervalo Recolha - Inseminação de 12h a 24h e a IA congelado que utiliza sémen congelado a uma temperatura de – 196ºC e que permite a sua conservação por tempo indeterminado. Contudo, nem todas estas técnicas são aplicáveis a todos os garanhões, uma vez que a qualidade do sémen de certos garanhões os exclui de determinados tipos de IA.

São atribuidas numerosas vantagens à IA uma vez que ela permite separar no tempo e no espaço a ejaculação da inseminação. Há uma maior protecção sanitária, porque limita-se o contacto entre os animais, evita-se os seus deslocamentos e as técnicas de reprodução são aplicadas em ambientes controlados, onde se efectuam controlos sanitários estrictos aos garanhões e éguas.

São efectuadas recolhas de sémen aos garanhões não mais que três vezes por semana, tempo este que permite a total recuperação da produção de espermatozóides. Existe então uma racionalização da utilização dos garanhões porque, há uma diminuição do número de saltos e do número de viagens em camião, o que permite a manutenção da carreira desportiva e reprodutiva do animal, em simultâneo.

A variabilidade individual entre garanhões (características seminais de cada garanhão) e os métodos de conservação de sémen, constituem algumas das limitações da IA.

O risco de consanguinidade aumenta se os garanhões afectos à Inseminação Artificial produzirem um maior número de poldros que os outros garanhões afectos à monta natural, o que não é o caso actualmente.

As dúvidas sobre a certificação de origens são satisfeitas pela identificação de todas as doses e pelo controle de filiação obrigatória dos poldros, produtos de Inseminação Artificial.

Os garanhões são submetidos a testes, seguindo critérios rigorosos para que possam ser admitidos à IA, tendo um número de certificados de cobrição limitado.

Uma má aplicação destas técnicas pode ter repercussões sobre a qualidade biológica do sémen (capacidade de fecundação) ou sobre a higiene das doses e sua aplicação.

A sua utilização requer conhecimentos específicos e por essa razão, só pode ser posta em prática por inseminadores ou chefes de centro nos centros de reprodução autorizados, tornando o custo financeiro da IA mais elevado no que diz respeito a pessoal qualificado e material utilizado.

O sucesso dos resultados obtidos reside no facto de se efectuar uma boa escolha das éguas a inseminar e a correcta manipulação do sémen, proveniente de garanhões férteis.

A inseminação artificial em equinos torna assim possível o aumento da utilização económica dos garanhões e o rápido melhoramento genético da espécie.


Bibliografia:
1. Insémination artificielle équine (1996) Guide Pratique. Edition Institut du Cheval, Paris.
2. Magistrini M (1999) L´Insemination Artificielle chez les équins. INRA Prod. Anim. Nouzilly 12: 347-349.
3. Magistrini M., Vidament M., (1992) Artificial Insemination in Horses. Recueil de Médicine Vétérinaire Spéciale : Reproduction des Equides, 168 (11-12), 959-967.
4. Magistrini M., Vidament M., (1999) L'insémination artificielle équine : des technologies à géométrie variable. CR 25e Journée de la recherche équine, Institut du Cheval, département DEFI, INA, Paris, 117-128.
5. Palmer E. (1984) Factors affecting stallion semen survival and fertility. Proc 10th Int. Cong. Anim. Reprod. And Artif. Insem. III: 377.
Autor
Cristiana Oliveira

pmartins81
Mensagens: 1
Registado: terça abr 10, 2007 8:24 am

#19 Mensagem por pmartins81 » quarta set 24, 2008 9:20 am

Assim sim, mas mesmo assim o que mais gostei foi da apresentação do senhor MFC, acho que sim senhor...com pessoas desta simpatia e tão esclarecedoras, uma pessoa nem precisa estudar mais nada...Continue senhor MFC !

Cumprimentos !
Pedro Martins

Z_B
Iniciado
Mensagens: 10
Registado: segunda dez 15, 2008 2:03 am

Re: Inseminação Artificial na Raça Lusitana

#20 Mensagem por Z_B » segunda dez 15, 2008 2:25 am

Boas!
A explicação de CV está bastante elucidativa, penso que resta apenas referir que para além de semen fresco se pode utilizar semen refrigerado, podendo deste modo um criador português adquirir semen de cavalos de praticamente toda a Europa, pois o semen a temperaturas de refrigeração mantem os niveis de fertilidade por cerca de 24-36horas, o que permite o seu envio por avião e inseminação, mas para isso é preciso saber o momento a que a égua vai ovular etc.
Este sistema é bastante usado por toda a Europa, e fora dela também, sendo possível adquirir as linhagens dos craques que aí andam, sendo uma ferramenta importante para o desenvolvimento do Cavalo Portugês de Desporto principalmente!!
Depois ha também a transferência de embriões, mas para o nosso Portugal já é areia a mais...

pedroramoscaramona
Mensagens: 1
Registado: quinta mar 05, 2009 7:03 am

Re: Inseminação Artificial na Raça Lusitana

#21 Mensagem por pedroramoscaramona » quinta mar 05, 2009 7:24 am

Filipe e tal, estou realmente confuso em relação a este tópico, tenho conhecimento que para realizar IA em cavalos aprovados no livro genealógico temos de o fazer através de um veterinário licenciado.

Não sou veterinário mas penso que como Zootécnico licenciado tenho formação suficiente para o fazer.

Há alguma informação em relação a legislação relativa a esta pratica de maneio reprodutivo em cavalos lusitanos ou de desporto em Portugal?

Tem conhecimento de alguém que esteja a fazer IA em cavalos de desporto para que possa contactar para mais informações?

Obrigado pela informação e pelo Fórum!

unsmil3
Mensagens: 1
Registado: sexta mar 27, 2009 5:44 am

Re: Inseminação Artificial na Raça Lusitana

#22 Mensagem por unsmil3 » sexta mar 27, 2009 6:09 am

Olá a todos...

Sei que, como qualquer Fórum, este também deve carecer de apresentações, e amanhã sem falta irei realizar as minhas!
No entanto, adianto que sou estudante de Medicina Veterinária e estou mesmo agora a abalar para um controle folicular a uma éguita, o que torna a coisa engraçada! ;) Atenção que ja dei algumas observações noutros forums e por vezes fui mal aceite... como que... sei lá, como alguém que queria saber mais do que os outros! Ora não sou isso, não senhor! Com muita humildade, eu junto o Fórum aos meus favoritos e tento participar quanto possível e se necessário, tentar pesquisar junto dos meus professores algo a que todos diga respeito e que eu também não saiba, ok?!

Quanto à questão da inseminação, penso que muito do que se passa já fora dito! Hoje em dia está completamente na berra e não tem muita ciência! A questão de sémen congelado ou por recolha, depende muito de questões de logística e até do que o proprietário quer! No entanto, a percentagem de sucessos de inseminação com sémen congelado é muito grande pois os sémens já são submetidos a exames andrológicos e afins com contabilizações de espermatozóides viáveis, sendo as doses... doseadas segundo esses parâmetros e contando já com o que se perde em viabilidade aquando do congelamento no azoto!

O sémen de recolha... epá, lá está, não quer dizer que a coisa funcione melhor do que com o congelado! Pelo que sei, é apenas diferente! Normalmente um salto ao manequim da para uma ou duas inseminações (por questões de logística e de aproveitamento da situação, lá está) mas depende sempre do que se quer! Claro que, por norma, nunca se tem grandes problemas em encher uma égua com sémen fresco, só que com o congelado, a coisa também já funciona muito bem!

Bom, infelizmente tenho de ir mas amanha ou depois prometo que pego de novo no tópico e leio com mais calma, tentando participar de uma forma mais produtiva! No entanto, frizo que de forma alguma pretendo ser mais do que outrem por por vezes utilizar um ou outro termo técnico ou assim, mas torna-se inato!

E que no mundo, todos aprendamos uns com os outros! Isso seria o ideal! E é para isso que os forums existem e muito contribuem!

Um grande abraço e até depois assim! ;)

Domingos Graciosa
Sela 01
Mensagens: 37
Registado: quarta fev 20, 2008 6:47 am
Contacto:

Re: Inseminação Artificial na Raça Lusitana

#23 Mensagem por Domingos Graciosa » quarta abr 01, 2009 1:24 am

A inseminação artificial e uma técnica de reprodução artificial "sexuada" moderna que tem grandes vantagens mas que deve ser utilizada com cuidado, dada a tendência inevitável de utilizarmos os reprodutores da moda e assim reduzirmos a diversidade genética da raça lusitana e aumentarmos os riscos da consanguinidade.

Temos dois exemplos extremos: o PSI que interdita qualquer técnica de reprodução artificial que não seja natural (mantendo assim a maior diversidade genética possível) e o PSA que quase ia sendo destruído por terem concentrado a reprodução num numero excessivamente pequeno de reprodutores, através do recurso da inseminação artificial, que levou a raça a níveis trágicos de consanguinidade com as inerentes consequências nefastas para a mesma.

Teremos agora que ponderar muito seriamente quais as vantagens e os inconvenientes da utilização das moderníssimas técnicas de reprodução "assexuada", na raça equina, com as novas técnicas de clonagem e de multiplicação celular já em utilização noutras espécies animais!

Saudações,
Domingos Graciosa

Avatar do Utilizador
Filipe Graciosa
Site Administrator
Mensagens: 1255
Registado: quarta out 29, 2003 7:27 pm
Localização: Lisboa, Portugal

Re: Inseminação Artificial na Raça Lusitana

#24 Mensagem por Filipe Graciosa » segunda nov 30, 2009 6:51 pm

Caros Forenses,

Penso que este filme é útil para a temática do tópico e serve para o reactivar ;)

É preciso ciência: a recolha que permite o negócio de reprodução de cavalos de raça lusitana


Cumprimentos
Filipe Graciosa Jr

ABC
Sela 04 (estribo de bronze)
Mensagens: 50
Registado: quarta set 17, 2008 9:47 am

Re: Inseminação Artificial na Raça Lusitana

#25 Mensagem por ABC » segunda nov 30, 2009 11:54 pm

Dr. Domingos Graciosa,

Fique descansado que a ganância impede esses riscos de modismo que referiu. Quantos criadores se podem dar ao luxo de comprarem doses de sémen a 2000 – 3500 EUR??? Só pessoas sem sentido económico da criação, pois um poldro nascido com um ónus desses em cima, por quanto terá de ser vendido aos três anos, ou mesmo à desmama, para pagar semelhante investimento??? Ainda por cima sem qualquer garantia que o precioso pai tenha capacidade para transmitir os seus dotes!!!

Responder

Voltar para “Puro Sangue Lusitano”