Criptoquirdia e utilização de Esteróides Anabolizantes

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Domingos Graciosa
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Criptoquirdia e utilização de Esteróides Anabolizantes

#1 Mensagem por Domingos Graciosa » terça dez 30, 2008 8:06 pm

Caríssimos

Segundo fontes científicas recentes, parece existir uma forte relação de causa e efeito entre a utilização crescente de esteróides anabolizantes e o aparecimento de mais casos de criptoquirdismo nos equinos.
Será este o reverso da medalha de querer melhorar a funcionalidade dos equinos à custa de meios artificiais que não só lhes arruínam a saúde, como ainda por cima lhes amputam o modelo físico?...
Parece que estamos todos loucos? ou talvez não!

Cumprimentos

Domingos Graciosa

DCP
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Re: Criptoquirdia e utilização de Esteróides Anabolizantes

#2 Mensagem por DCP » terça jan 06, 2009 5:55 pm

Esta nem parece do Dr. Domingos!
A lançar um novo e polémico tema de debate sem o devido suporte documental.

Domingos Graciosa
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Re: Criptoquirdia e utilização de Esteróides Anabolizantes

#3 Mensagem por Domingos Graciosa » quarta jan 07, 2009 3:11 pm

Livro CUNNINGHAM – TRATADO DE FISIOLOGIA VETERINÁRIA Páginas 403 e 404
PUBERDADE

Puberdade não é sinónimo de maturidade sexual

Puberdade no macho compreende o momento em que ele se torna capaz, pela primeira vez, de produzir números suficientes de espermatozóides para emprenhar uma fêmea. Por motivos práticos, com relação a touros, varrões, carneiros e garanhões, isto poderia ser definido como a idade em que o ejaculado contém 50 x 106 espermatozóides dos quais 10 % ou mais são móveis. È preciso lembrar que puberdade não é sinónimo de maturidade sexual, que pode ocorrer meses a anos mais tarde, dependendo da espécie.

A puberdade resulta de um processo contínuo de alterações endócrinas que se iniciam logo após o nascimento

A hipófise, as gônadas e os tecidos-alvo dependentes de esteróides são capazes de responder a hormônios estimuladores antes da puberdade: portanto, considera-se que o hipotálamo tem papel fundamental na iniciação da puberdade. Parece que a puberdade é o evento final de um processo contínuo de alterações endócrinas que se iniciam logo após o nascimento. Alguns pesquisadores defendem a teoria de que a puberdade ocorre quando o complexo hipotalâmico-hipofisário do animal se torna dessensibilizado á inibição por retroalimentação dos asteróides gonádicos. Aparentemente, essa dessensibilização permitiria um aumento da carga GnRH a partir do hipotálamo e uma resposta maior da hipófise ao GnRH. Embora numerosos factores possam influenciar a modulação do sistema endócrino pelo sistema nervoso central, os principais factores que afectam a idade da puberdade em animais domésticos são a raça, a assimilação de energia e a estação de nascimentos.
O sistema hipotalâmico-hipofisário-gonodal em seres humanos diferencia-se e funciona durante a vida fetal e brevemente no decorrer da primeira infância: em seguida, é suprimido durante a segunda infância e reactivado no transcurso da puberdade após quase uma década de baixa actividade. A inibição do sistema hipotalâmico-hipofisário-gonodal em crianças pré-puberes é medida pela supressão da síntese e da secreção pulsátil de GnRH. È necessária a estimulação pulsátil progressiva da hipófise pelo GnRH e das gônadas pelo LH e pelo FSH para o início e a progressão da puberdade. A hipófise de crianças pré-puberes secreta pequenas quantidades de FSH e LH, indicando que o eixo hipotalâmico–hipofisário–gonodal funciona, mas em baixo grau. Esse nível baixo de secreção de gonadotropina diminui rapidamente quando se administram esteróides sexuais.
Portanto, parece haver um mecanismo de retroalimentação negativo altamente sensível em crianças pré-puberes de tenra idade, e é provável que haja um mecanismo semelhante nos animais domésticos pré-puberes.

ESTERÓIDES ANABÓLICOS

Os esteróides anabólicos são derivados do andrógenio que exercem retroalimentação negativa sobre o eixo hipotalâmico-hipofisário-testicular


O uso de esteróides anabólicos ( ou simplesmente “ anabolizantes “ ) disseminou-se bastante dentre atletas humanos e animais, na medida em que muitos tentam melhorar o desempenho.
Testemunhos de veterinários, médicos, atletas humanos e treinadores indicam que são alcançadas melhoras na atitude mental, no vigor e na força física dos atletas após a administração de esteróides anabólicos.
O que mais preocupa é o facto de que muitos indivíduos que usam esses anabolizantes são peri- ou pré-puberes. Os esteróides anabólicos são derivados androgênicos alterados para maximizar sua acção anabólica e minimizar seus efeitos androgênicos colaterais. Todavia, ainda não é possível produzir esteróides anabólicos sem actividade androgênica, á qual se devem muitos efeitos colaterais indesejáveis dessas drogas. Os efeitos colaterais reprodutivos adversos observados com o uso de esteróides anabólicos são semelhantes àqueles associados á administração de testosterona. A administração contínua de testosterona ou asteróides anabólicos afecta a função hipofisária e resulta em prejuízo de longa duração da função endócrina testicular. Os efeitos colaterais potenciais do uso de esteróides anabólicos em animais jovens pode acarretar desenvolvimento incompleto do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonodal. Os efeitos colaterais a longo prazo do uso de esteróides anabólicos sobre os parâmetros reprodutivos em animais sexualmente imaturos ainda são desconhecidos.
Uma lata percentagem de potros e garanhões em treinamento para corridas recebe drogas androgênicas, incluindo esteróides anabólicos, tendo esses cavalos testículos menores do que equinos semelhantes que não recebem tais drogas. Actualmente, apenas dois esteróides anabólicos, o estanozolol e o undecilenato de boldenona, estão aprovados pela Food and Drug Administration para uso em equinos. Nenhum dos dois foi provado para uso em garanhões. Está comprovado que a administração de esteróides anabólicos em garanhões prejudica a qualidade do sémen, o débito e a produção diários de espermatozóides e o tamanho testicular. O mais provável é que esses efeitos resultem de um mecanismo de retroalimentação negativa sobre a liberação de gonadotropina pela hipófise. Também se observam alterações nos parâmetros seminais, incluindo depressão da concentração, da motilidade e do número total de espermatozóides por ejaculado. O exame histológico dos testículos demonstra redução do número de outras células germinativas em desenvolvimento á excepção das espermatogônias do tipo A. Além disso, o diâmetro médio das células de Leydig é menor, e também foram observadas alterações indicativas de degeneração testicular, incluindo vacuolização citoplasmáticas acentuada, encolhimento dos túbulos e das células de Leydig e fagocitose de espermátides por células gigantes multinucleadas. Tais efeitos adversos tenderam a ser mais graves em garanhões jovens. A implantação repetida de esteróides anabólicos em touros pré-puberes também resulta em menor tamanho testicular. Os efeitos sobre o crescimento testicular depende do tipo de esteróide anabólico administrado, da idade do paciente, da dose e da duração da terapia.
Estudos com seres humanos, que não investigaram directamente os efeitos dos esteróides anabólicos sobre a espermatogênese, também revelaram níveis reduzidos de gonadotropinas circulantes e/ou testosterona. Indivíduos que usaram altas doses de testosterona e esteróides anabólicos por apenas três meses ainda apresentavam hipogonadismo hipogonadotrópico três semanas após a interrupção do uso da droga. A presença de testículos atróficos e níveis baixos de LH, FSH e testosterona após a suspensão do uso da droga indica que o uso prolongado de esteróides androgênicos ou anabólicos afecta a função da hipófise e resulta em deficiência prolongada da função endócrina testicular.
As questões acerca da possibilidade de esterilidade ou atrofia testicular permanentes em decorrência do uso prolongado de esteróides anabólicos em adultos ainda não foram respondidas e se sabe menos ainda sobre os efeitos em indivíduos pré- ou peri-puberes. Evidência indirecta sugere que indivíduos pré-puberes podem correr maior risco de disfunções permanentes pelo uso de esteróides anabólicos do que adultos. Portanto, o uso de esteróides anabólicos em machos destinados á reprodução deve ser rigorosamente desestimulado.

CORRELAÇÕES CLÍNICAS

Infertilidade em um garanhão

HISTÓRIA:
Você é solicitado a fazer um exame reprodutivo em um garanhão de três anos de idade que cobriu 10 éguas no ano passado e apenas uma ficou prenha. O garanhão é muito procurado por causa da sua linhagem sanguínea, e seu aspecto musculoso e maduro contribui para o interesse em colocá-lo para participar de exposições anuais. Todas as éguas cobertas por esse jovem garanhão não tinham anormalidades reprodutivas demonstráveis. Você pergunta se recentemente o garanhão teve alguma doença ou episódios febris ou recebeu alguma medicação. A resposta a todas essas perguntas é negativa.

EXAME CLÍNICO: O garanhão demonstra libido normal quando exposto a uma égua no estro, e dois ejaculados são obtidos a um intervalo de 1 hora por meio de vagina artificial. O exame de ambas as amostras de sémen revela baixa concentração e pequeno número de espermatozóides, com alta percentagem de espermatozóides morfologicamente anormais e células germinativas imaturas.
O pénis e o prepúcio do garanhão são normais, mas seus testículos são pequenos e macios. Você pergunta se o animal recebeu esteróides anabólicos, e com alguma relutância o proprietário admite que o treinador administrou-lhe alguns esteróides anabólicos ao prepará-lo para a exposição anual e feiras subsequentes.

COMENTÁRIOS: O uso de esteróides anabólicos em animais que participam de exposições não é raro. Mesmo assim, muitos proprietários e treinadores relutam em admitir que o fazem. Muitos potros recebem essas drogas para que adquiram compleição competitiva em feiras ou nas pistas de corridas, de modo a serem procurados depois como reprodutores. Infelizmente, como tais drogas são derivadas de testosterona, seus efeitos de retroalimentação negativa afectam de maneira adversa a fertilidade desses animais, as vezes de forma permanente. Não se sabe quão graves ou duradouros serão os efeitos adversos se os esteróides anabólicos forem administrados no período peripuberal. O facto de os testículos do animal em questão serem muito pequenos e macios indica que aparentemente ele recebeu altas doses de esteróides anabólicos por um período prolongado durante o desenvolvimento do eixo hipotalâmico-hipofisário-testicular, sendo mais provável que os efeitos se tornem irreversíveis.
É preciso notar que, como um cavalo com três anos de idade, ele ainda não está sexualmente amadurecido e, no futuro, talvez seja capaz de produzir números suficientes de espermatozóides para fecundar um pequeno número de éguas por estação de monta, mas certamente não o número esperado para seu tipo.


TRATAMENTO: Além de aguardar a passagem do tempo não existe tratamento conhecido capaz de reverter os efeitos adversos prejudiciais causados pelo uso de esteróides anabólicos em machos adultos. Sabe-se menos ainda a respeito dos efeitos a longo prazo em animais jovens.

BIBLIOGRAFIA:
Amann RP. Schaunbacher BD: Physiology of Male Reproduction J. Anim 57 ( suppl 2 ): 380-403.1983
Knobil E.Neill JD, Ewing LL et al ( eds ): The Physiology of Reproduction 1.2 New York, Raven Press.1988
Robaire B. Pryor JL Trasler JM: Handbook of Andrology. Lawrence, Kans, Allen Press.1995
Roberts SJ: Veterinary Obstetrics and Genital Diseases Theriogenology, 3rd ed Woodstock, Vt Published by the Author 1986
Yen SC Jaffe RB: Reproductive Endocrinology: Phusiology, Pathphysiology and Clinical Management, 3rd ed Philadelphia, WB Saunders 1991

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Re: Criptoquirdia e utilização de Esteróides Anabolizantes

#4 Mensagem por DCP » quinta jan 08, 2009 6:45 pm

Afinal parece que alguns andam loucos, outros felizmente que não!!!
Dr. Domingos as minhas desculpas, retiro o que disse.

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