Equitação ethologica

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Moderador: Filipe Graciosa

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Joaquim Eduardo
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#16 Mensagem por Joaquim Eduardo » segunda jan 02, 2006 11:58 am

Sr Joao

Infelismente hoje em dia tudo se compra e tudo se vende, mas eu não vejo a diferença entre comprar uma entrada para um espetàculo da escola portuguesa de arte equestre, e comprar um dvd/livro ou participar num estagio do método natural.
O que interessa é que através das informações recebidas possamos tirar algun ensinamento, para o poder aplicar na pratica.
Se alguém conseguir "comunicar" com um cavalo sem utilizar a violència, eu digo BRAVO.
Quanto a sentimentos como o amor/Odio/humilhação, são sentimentos exclusivamente humanos aos quais o cavalo é alheio. contrariamente ao conforto/desconforto.
A equitação ethologica, começou a aparecer em frança hà dez anos, e no principio deu muito que falar. Hoje é reconhecida pela federação francesa de equitação, e existe mesmo uma disciplina com os "Saberes Ethologicos" com diplomas dados por monitores qualificados.
Método revolucionàrio para uns, Fraude para outros, a cada um de se fazer a sua própria opinião. É em todo o caso um fenómeno ao qual cada vez mais apaixonados de cavalos na europa se convertem.

amicalmente

João dee Deus
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#17 Mensagem por João dee Deus » segunda jan 02, 2006 12:16 pm

Joaquim

Claro que tudo é passível de ser um espectáculo,e não tenho nada contra.

Há alguns séculos,as pessoas que conseguiam desbastar um cavalo,tinham um estatuto social diferente.
Tudo começou com os "vetrinários"da altura,que eram os encantadores de cavalos de então.
Como se pode ver,ao longo de todos estes tempos,o conhecimento foi-se divulgando,e hoje é a realidade que todos conhecemos.
As minhas intervenções aqui no forum,passam por aí.

Mesmo os seres humanos,ainda têm deficiências ao nível do comportamento,que pelo menos em termos imediatos,só com uma certa violência se pode controlar.

saudações Marialvas
Continuo neste Fórum, agora com a intenção de ver se aprendo alguma coisa, mas com o teclado avariado... LOL...

Joaquim Eduardo
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#18 Mensagem por Joaquim Eduardo » segunda jan 09, 2006 7:35 pm

Ola a todos

Vou tentar descrever aqui em varias fazes o método Join-up" de Monty roberts - (continuação)


O ‘rond pen’

O join-up pratica-se por conseguinte num « round pen » (picadeiro circular) cuja dimensão ideal situa-se ao redor 20 metros de diâmetro. Num espaço mais grande, o tratador terá mais dificuldades para comunicar com o cavalo e será obrigado exercer sobre ele pressões mais intensas para fazê-lo girar. Num espaço mais pequeno, o cavalo poderá ter dificuldades para deslocar-se rapidamente em cercadura do círculo e pode sentir-se preso, daí um risco de pânico e de acidente, tanto para ele como para o tratador.

A forma redonda do picadeiro serve para dar ao cavalo a ilusão que é livre de fugir do tratador tanto quanto ele quizer, e que por conseguinte não será forçado a juntar-se ao tratador se não o desejar. Além disso, esta liberdade de fuga hipotética oferece ao cavalo a possibilidade de descarregar-se das suas emoções e do seu stress. Quando aceitar o tratador dentro do seu espaço pessoal, deve sentir-se confortavél, deste modo o cavalo não tem mais razões de procurar escapar-se. Isto contrasta com a grande maioria dos métodos clássicos que utilizam o constrangimento físico, o que em si já é suficiente para dar ao cavalo a vontade de fugir.

Ao contrário do « round pen » de forma redonda, num espaço quadrado ou retangular, o cavalo tem a possibilidade de se refugiar num dos ângulos, o que complica a tarefa do tratador, nomeadamente obrigando-o a deixar a sua posição de referência no centro do círculo; o cavalo pode igualmente sentir-se preso num dos ângulos, e forçado a uma reacção de defesa, sobretudo se o tratador se mostrar demasiado agressivo nas pressões que exerce sobre ele.


As grandes etapas do join-up:

O cavalo é levado para o « round pen » e é-lhe deixado alguns minutos para se habituar a este novo espaço. O tratador colaca-se ao centro do círculo e aproveita para observar a atitude geral do cavalo e deve modular a quantidade e a intensidade das suas pressões em consequencia. As pressões em questão serão ópticas (o olhar do ajustador), gestuais, fonéticas e tácteis. Deverão ser dosadas correctamente a fim de ganhar a confiança do cavalo: o tratador deve mostrar-se convincente no seu papel de cavalo dominante.

Logo que o cavalo se encontrar solto no « round pen », o tratador exercerá sobre ele pressões ópticas a fim de o manter em cercadura do círculo; deverá adoptar uma atitude agressiva, ou seja fixar do olhar o olho do cavalo e nunca deixá-lo dos olhos. Pela sua linguagem corporal, o tratador, que deve constantemente manter-se sobre o lado do cavalo, incitando-o a deslocar-se num galope médio; mantem a cabeça e os ombros levantados, e o efeito dos gestos com os braços devem ser honestos e resolvidos, mas não devem provocar o medo no cavalo. Se o cavalo se mostrar agressivo, os gestos poderão tornar-se mais amplos e mais vivos, e ser acompanhado eventualmente de sons agudos que o intimidam e o estimulão a sua fuga.

Se necessário, o tratador poderá servir-se de uma guia a fim de amplificar a sua linguagem corporal; poderá, perante um cavalo particularmente agressivo, agitar a guia que tem na mão para o obrigar a respeitar o seu espaço pessoal. Ao contrário, se confrontado com um cavalo apático, o tratador poderá projectar um bocado da guia em direcção da traseira do cavalo para manter em movimento. Será neste caso possível tocar no cavalo com a guia para estimulá-lo, mas nunca para lhe bater.

Uma vez que o cavalo efectuou várias voltas de picadeiro, convem fazer-lhe mudar de mão para que possa observar o tratador tanto com o olho direito como com o esquerdo. O cavalo nunca deve fazer meia-volta da sua própria iniciativa: é o tratador que, no seu papel dominante, que deve ter o controlo de cada movimento do cavalo, sem qual a sua credibilidade é metida em causa. Obrigará por conseguinte frequentemente o cavalo a mudar de sentido, de preferência evitando o lugar onde o cavalo tem mais tendência a fazê-lo da sua própria iniciativa.

Para o fazer mudar de sentido, o tratador deverá barrar o caminho ao cavalo afastando-se do centro do círculo e colocando o braço na horizontal. deve antecipar a deslocação do cavalo: se comparar-mos o « round pen » com um relógio no qual o cavalo desloca-se à mão direita, por conseguinte no sentido das agulhas, o tratador deverá deixar o centro do círculo e colocar-se às 3 horas levantando o braço direito quando que o cavalo encontrar-se nas 12 horas. Fazendo isto, o tratador penetra dentro da distância de fuga do cavalo e é natural que este faça meia-volta para o evitar.
Quanto mais o tratador tiver credibilidade no papel de cavalo dominante, menos necessidade tem de fazer gestos explícitos para controlar as deslocações do cavalo; este alterará por exemplo de direção logo que o tratador se aproximar da sua trajectória, sem ter necessidade de levantar o braço.

Nesta fase, o tratador deveria poder começar a observar um início de mudança na atitude do cavalo. No início do join-up, o cavalo satisfaz-se geralmente de galopar e ignorar o tratador, quer porque não tem nenhuma consideração pelo o homem, quer porque tem medo dele. Neste caso, o tratador poderá notar os sinais da sua tensão: o pescoço será muito rígido e terá a cabeça levantada, e esforça-se de olhar para fora do picadeiro.

Quando o cavalo der conta que não tem nenhum meio de se desembaraçar das pressões impostas pelo tratador e que este último permanece sempre à mesma distância qualquer que seja a velocidade à qual foge, começará a dirigir-lhe alguns sinais de atenção. Os primeiros entre eles serão enviados sem dúvida com a orelha interna, que tenderá a orientar-se em direcção do tratador. Curvando progressivamente o seu pescoço para o interior do círculo, o cavalo prestará ao homem uma atenção crescente, orientando a sua cabeça na sua direcção, focalizando sobre ele os seus olhos e as suas orelhas.

O cavalo dá conta que, quando que está na presença de um dominante capaz de controlar cada um dos seus movimentos, e que é capaz de o privar da segurança que constitui o bando. Sabe de maneira inata que se quer ser aceite no seu bando, deve obediência ao cavalo dominante. Exprimirá sem dúvida primeiro uma certa frustração perante esta situação, mastigando e lambendo os lábios; isto é considerado como um comportamento de substituição, ou seja um comportamento aparentemente inútil ou ilógico que ocorre quando um indivíduo é obrigado a interromper um comportamento normal.

Mais tarde, o cavalo baixará o pescoço e a cabeça para o chão, adoptando assim uma atitude de soumissão, que não se deve confundir com a postura de condução dos garanhões. A associação dos movimentos de mastigação e a posição da cabeça baixa é considerada como o sinal no qual o cavalo indica ao tratador que reconhece o seu estatuto de dominante e "pergunta" se pode aproximar-se para beneficiar da sua protecção. Este comportamento é provavelmente semelhante ao sinal específico do poltro, o qual expõe os seus dentes e faz bater o maxilar quando se encontra na presença de um cavalo adulto cujas intenções ignora.

Amicalmente

João dee Deus
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#19 Mensagem por João dee Deus » segunda jan 09, 2006 9:20 pm

A minha leitura dessa técnica,baseia-se no facto de o recinto ser redondo em que o Cavalo perdeu o sentido da entrada e portanto não pode exercer essa crença.
Depois de desistir de a encontrar,vem perguntar como se faz para sair dali.
Como já aqui disse eles estão sempre a olhar para nós e reagem ao nosso olhar,esecialmente se não tiverem mais nada para fazer ou distrair-se como é o caso daquele cenário.
Mas esse olhar tem de lavar uma carga de intencionalidade que isso sim,não é para todos.

Continuo a dizer que saindo desse condicionalismo,se for um Cavalo com sangue quente e por desbastar,as coisas podem mudar.
Eles aprendem por repetição,mas com intervalos de "meditação"na box,como eu lhes chamo.

Não vejo é grande diferença emocional para o Cavalo entre essa situação e a de passá-lo à guia descontraidamente.
Até pelo contrário o Cavalo sente-se mais seguro estando em contacto com o cavaleiro através da guia.É outra interpretação.
É uma demonstração como outra qualquer baseada nas reacções dos cvalos,mas não substitui nada com vantagens visíveis.

saudações Marialvas
Continuo neste Fórum, agora com a intenção de ver se aprendo alguma coisa, mas com o teclado avariado... LOL...

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